O trabalho "Sem título (imagem de cidade vendida pelo mercado imobiliário X imagem de cidade real ou Nova Luz, mas poderia ser Porto Maravilha)” integrou a exposição O Abrigo e o Terreno (Museu de Arte do Rio - MAR, 2013) com curadoria de Clarissa Diniz e Paulo Herkenhoff.
Consistia em um arquivo-colagem de objetos, desenhos, fotos, vídeos e textos referentes ao bairro paulistano de Santa Ifigênia, trazendo à tona discussões sobre os conflitos pela terra ocorridos historicamente na região – com destaque para o capítulo mais recente desse processo àquela época, encarnado na operação urbana Nova Luz. Tributária de diferentes representações ao longo de sua história, a região da Luz funciona no trabalho como uma espécie de emblema dos mecanismos de produção e disputa do território urbano que operam em diversas cidades brasileiras. No fim do século XIX foi associada à prosperidade do período conhecido como segunda fundação de São Paulo. Entre os anos 1950 e 1980 ficou famosa pela instalação da prostituição e do tráfico de drogas – o que lhe rendeu o apelido de Boca do Lixo. Sob o estigma da degradação, a partir dos anos 1990 foi palco de políticas públicas que buscaram estimular investimentos privados, através da construção de equipamentos culturais associados à recuperação do patrimônio histórico – a exemplo da construção da Sala São Paulo dentro da estação Júlio Prestes; da restauração da Estação da Luz e da criação do Museu da Língua Portuguesa em seu interior; da restauração do antigo edifício do DOPS e da criação da Estação Pinacoteca. Ainda assim pouco valorizada, a então chamada Cracolândia foi palco de outras propostas urbanísticas, que desta vez não previam a criação de equipamentos culturais associados à recuperação do patrimônio histórico. Tendo em vista a desapropriação e demolição de quadras inteiras através da concessão à entidades privadas, as promessas do projeto Nova Luz, aliado ao projeto do Complexo Cultural Luz, anunciavam converter a região em um bairro novo, o maior polo cultural da América Latina. Como aponta a provocação do título da obra, a ideia era que imagens desse processo, contrastadas numa mesma linha do tempo, alimentassem criticamente a discussão sobre os atuais processos de produção dos grandes centros urbanos brasileiros e contribuíssem particularmente para a reflexão sobre o atual momento de transformações urbanas do Rio de Janeiro. No espaço do trabalho havia uma mesa para uso do público, onde estavam dispostos livros sobre o tema e um computador que dava acesso à revista eletrônica Urbânia. Com o intuito de ampliar a discussão gerada pelo trabalho no espaço expositivo, a Usina mediou três debates sobre o tema, que incluíram discussões recentemente putadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza. Entre os convidados, estavam arquitetos, urbanistas, professores e moradores do Morro da Providência e arredores afetados pelas remoções dentro do perímetro da operação urbana Porto Maravilha. O primeiro debate (“Nova Luz, mas poderia ser Porto Maravilha”) ocorreu no próprio museu e os outros dois (“Aquário de Fortaleza e Novo Recife, mas poderia ser Porto Maravilha” e “Porto Maravilha”) no Instituto dos Pretos Novos. |
nome do trabalho
Sem título (imagem de cidade vendida pelo mercado imobiliário X imagem de cidade real ou Nova Luz, mas poderia ser Porto Maravilha) local Rio de Janeiro – RJ linha do tempo
agente organizador e financiador Museu de Arte do Rio atividades desenvolvidas pela usina
escopo do trabalho Elaboração de uma reflexão artística sobre os atuais processos de produção dos grandes centros urbanos de forma a contribuir com o debate sobre o atual momento de transformações urbanas no Rio de Janeiro. equipe Carolina Laiate, Danilo Eric, Graziela Kunsch, Leila Petrini, Nana Maiolini e Pedro Fiori Arantes principais interlocutores Clarissa Diniz e Paulo Herkenhoff (curadores) |