O texto a seguir apresenta um breve relato do primeiro dia do Mutirão Cinco de Dezembro, que ocorreu em dezembro de 2014. Quando as obras estiverem prontas, o Mutirão Cinco de Dezembro abrigará 56 famílias do Grupo de Moradia do Jardim Natal – que compreende mais de 100 famílias que se organizaram para lutar pela efetivação do direito à moradia em Suzano (SP).
O início do processo em Suzano coincidiu com um momento chave da recente política habitacional brasileira: a criação do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), em 2009. As dificuldades para a transferência dos terrenos e aprovação nos órgãos competentes fizeram com que as obras se iniciassem apenas no final de 2014. Neste intervalo, o MCMV mudou o panorama da questão urbana e habitacional no Brasil, ao oferecer altos subsídios e ampla produção quantitativa, mas ao mesmo tempo baseando-se massivamente na produção por empreiteiras que, a partir da lógica de mercado, têm construído enormes conjuntos habitacionais em terrenos baratos – muitas vezes isolados da malha urbana. No caso de Suzano, os mutirões participam do programa MCMV na contramão de sua forma empreiteira: o MCMV Entidades.
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O primeiro dia de mutirão ocorreu em 21 de dezembro de 2014 e teve como objetivo fundamental a limpeza do terreno. No mais, buscamos resgatar as prerrogativas da autogestão e a viabilização e experimentação de uma forma de organização com o conjunto de trabalhadoras e trabalhadores mutirantes.
Munidos pela alegria de iniciar a obra e poder realizar um mutirão antes de comemorar o Natal, a USINA, em conjunto com a pré-coordenação de obra e a Associação dos Moradores do Jardim Natal realizaram reuniões de organização preparatórias do mutirão para definir as tarefas, os grupos de trabalho, as ferramentas, a infraestrutura (água, alimentação, barracas) e etc.
A partir dessas conversas, os participantes resolveram se dividir em três grandes brigadas de trabalho: 1) brigada de limpeza – para realizar os trabalhos relativos à limpeza do terreno; 2) brigada da ciranda – composta por pessoas que realizaram atividades com as crianças presentes no dia do mutirão; 3) brigada de apoio – cuja função era subsidiar com água e ajudar na distribuição da alimentação. As atividades começaram por volta das 7 horas e 30 minutos e a programação organizada para o dia ocorreu da seguinte forma: primeiro houve uma mística de acolhimento, depois o mutirão de capinagem e limpeza do terreno, e por fim uma mística de encerramento.
Mística de acolhimento
Após deixarmos todas as ferramentas que seriam utilizadas no dia de trabalho no centro da roda que se formou com todos os mutirantes presentes, fizemos a leitura de excertos do poema “Operário em Construção”, de Vinicius de Moraes. Dividimos alguns dos excertos entre os organizadores do dia, e pouco a pouco – enquanto os versos eram lidos –, quem estava na roda se direcionava até o centro e pegava uma das ferramentas a ser utilizada no dia do mutirão.
Essa mística teve a intenção de criar uma atmosfera de acolhimento e sensibilização em relação ao trabalho a ser executado no dia. Avaliamos que proporcionar logo de início um ambiente fraterno, com o estímulo à afetividade, à alegria, à criação de relações horizontais, democráticas e participativas, contribuiria para estabelecer uma atmosfera onde as relações pudessem ser construídas sob outra ótica.
A aposta na criação de momentos e situações onde o sonho e a perspectiva sejam estimulados nos orienta para a construção de novas formas de sociabilidade, pois entendemos que esses espaços, por mais limites que apresentem na construção de novas formas de relações traz a possibilidade de enxergarmos e construirmos concretamente distintas formas de sociabilidade – pautadas por valores mais fraternos.
Capinagem e limpeza do terreno
Toda a atividade de mutirão esteve organizada em torno da capinagem e da limpeza do mato que se encontravam no terreno. Os grupos que ficaram responsáveis pelas tarefas se dividiram entre a retirada do capim existente; o transporte da sujeira para área dedicada; provisão de água e alimentação para as demais equipes de trabaho; e ciranda – responsável pelas crianças presentes . Desde a manhã até a tarde, os grupos se revezaram entre esses trabalhos, procurando equalizar o tempo e o desgaste para não sobrecarregar nenhum dos presentes.
O início do processo em Suzano coincidiu com um momento chave da recente política habitacional brasileira: a criação do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), em 2009. As dificuldades para a transferência dos terrenos e aprovação nos órgãos competentes fizeram com que as obras se iniciassem apenas no final de 2014. Neste intervalo, o MCMV mudou o panorama da questão urbana e habitacional no Brasil, ao oferecer altos subsídios e ampla produção quantitativa, mas ao mesmo tempo baseando-se massivamente na produção por empreiteiras que, a partir da lógica de mercado, têm construído enormes conjuntos habitacionais em terrenos baratos – muitas vezes isolados da malha urbana. No caso de Suzano, os mutirões participam do programa MCMV na contramão de sua forma empreiteira: o MCMV Entidades.
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O primeiro dia de mutirão ocorreu em 21 de dezembro de 2014 e teve como objetivo fundamental a limpeza do terreno. No mais, buscamos resgatar as prerrogativas da autogestão e a viabilização e experimentação de uma forma de organização com o conjunto de trabalhadoras e trabalhadores mutirantes.
Munidos pela alegria de iniciar a obra e poder realizar um mutirão antes de comemorar o Natal, a USINA, em conjunto com a pré-coordenação de obra e a Associação dos Moradores do Jardim Natal realizaram reuniões de organização preparatórias do mutirão para definir as tarefas, os grupos de trabalho, as ferramentas, a infraestrutura (água, alimentação, barracas) e etc.
A partir dessas conversas, os participantes resolveram se dividir em três grandes brigadas de trabalho: 1) brigada de limpeza – para realizar os trabalhos relativos à limpeza do terreno; 2) brigada da ciranda – composta por pessoas que realizaram atividades com as crianças presentes no dia do mutirão; 3) brigada de apoio – cuja função era subsidiar com água e ajudar na distribuição da alimentação. As atividades começaram por volta das 7 horas e 30 minutos e a programação organizada para o dia ocorreu da seguinte forma: primeiro houve uma mística de acolhimento, depois o mutirão de capinagem e limpeza do terreno, e por fim uma mística de encerramento.
Mística de acolhimento
Após deixarmos todas as ferramentas que seriam utilizadas no dia de trabalho no centro da roda que se formou com todos os mutirantes presentes, fizemos a leitura de excertos do poema “Operário em Construção”, de Vinicius de Moraes. Dividimos alguns dos excertos entre os organizadores do dia, e pouco a pouco – enquanto os versos eram lidos –, quem estava na roda se direcionava até o centro e pegava uma das ferramentas a ser utilizada no dia do mutirão.
Essa mística teve a intenção de criar uma atmosfera de acolhimento e sensibilização em relação ao trabalho a ser executado no dia. Avaliamos que proporcionar logo de início um ambiente fraterno, com o estímulo à afetividade, à alegria, à criação de relações horizontais, democráticas e participativas, contribuiria para estabelecer uma atmosfera onde as relações pudessem ser construídas sob outra ótica.
A aposta na criação de momentos e situações onde o sonho e a perspectiva sejam estimulados nos orienta para a construção de novas formas de sociabilidade, pois entendemos que esses espaços, por mais limites que apresentem na construção de novas formas de relações traz a possibilidade de enxergarmos e construirmos concretamente distintas formas de sociabilidade – pautadas por valores mais fraternos.
Capinagem e limpeza do terreno
Toda a atividade de mutirão esteve organizada em torno da capinagem e da limpeza do mato que se encontravam no terreno. Os grupos que ficaram responsáveis pelas tarefas se dividiram entre a retirada do capim existente; o transporte da sujeira para área dedicada; provisão de água e alimentação para as demais equipes de trabaho; e ciranda – responsável pelas crianças presentes . Desde a manhã até a tarde, os grupos se revezaram entre esses trabalhos, procurando equalizar o tempo e o desgaste para não sobrecarregar nenhum dos presentes.
Encerramento
Ao final do dia, houve uma sensibilização com a visualização do espaço trabalhado e a leitura do poema de Mário Benedetti “Porque Cantamos”. Novamente, com todos em roda, os mutirantes foram depositando as ferramentas no centro do círculo à medida que o poema era lido. Em seguida, sugerimos que cada um dos mutirantes dissesse uma palavra que representasse aquele dia de trabalho. Palavras como união, participação e cooperação apareceram com mais ênfase.