Em dezembro de 2015, a diretora de arte Gabriela Nunes, a jornalista Sabrina Duran e a arquiteta da Usina Kaya Lazarini passaram uma semana na comunidade do Piquiá de Baixo, em Açailândia, no interior do Maranhão, registrando a luta das suas moradoras e moradores pelo reassentamento para a captação de imagens para o documentário Arquitetura como prática política.
Ao final das captações desta etapa, considerando todas as especificidades e importância dessa história, entendemos que o trecho do Piquiá entraria como uma história singular dentro do documentário da Usina como um todo. O material captado no Maranhão foi muito abundante e além disso tem toda a importância e urgência da história que está sendo vivida lá, inclusive com novos desdobramentos do processo de luta que testemunhamos durante a viagem. Isso gerou um documentário "completo", no sentido de um doc que se sustenta mesmo fora do doc da Usina, sobre o Piquiá.
São cerca de 1.300 pessoas que há três décadas sofrem com a poluição do ar, das águas e contaminação do solo pelos rejeitos das siderúrgicas que se instalaram na região atraídas pelas toneladas de minério de ferro extraídas pela empresa Vale S.A. da mina de Carajás, no Pará. O minério é transportado pela estrada de ferro Carajás entre o Pará e o Maranhão até chegar ao porto de São Luís (MA) para exportação. Parte desse minério para nas siderúrgicas de Açailândia para ser transformado em ferro gusa, matéria-prima do aço.
As famílias do Piquiá de Baixo não são sem-teto: têm suas casas e viveram em paz na região desde que passaram a habitá-la, na década de 1970, até meados dos anos 1980, quando viram sua sorte mudar com a chegada da Vale e das siderúrgicas. A contaminação do meio ambiente afetou não apenas a vida econômica das famílias, que já não conseguem mais plantar ou pescar, mas também sua saúde: há inúmeros registros de câncer de pele e de pulmão, perda de visão e problemas respiratórios e dermatológicos crônicos causados pela poluição, além de mortes por atropelamento na BR que corta o Piquiá e tem tráfego intenso de caminhões da Vale e das siderúrgicas, mortes por atropelamento na linha férrea que escoa o minério, e ainda mortes e queimaduras graves provocadas pela "munha" - montanhas de carvão incandescente lançado pelas siderúrgicas no entorno da comunidade.
As tentativas de silenciamento da Vale não conseguiram aguar a luta do povo do Piquiá de Baixo. Há pelo menos uma década as famílias se organizaram em torno de entidades de defesa dos direitos humanos e de missionários combonianos para brigar pelo reassentamento em um terreno distante da poluição. A assessoria técnica Usina foi chamada para contribuir com a resistência ajudando na elaboração do projeto de reassentamento. E a luta rendeu frutos.
Veja o documentário abaixo ou no link aqui.
Documentário
"Aconteceu d'eu sonhá"
59:16 minutos
HD
Direção, roteiro e captação: Gabriela Nunes e Sabrina Duran
Produção: Gabriel Delduque, Israel Junior, Kaya Lazarini, Maiári Iasi
Agradecimento: a todas as famílias do Piquiá de Baixo, Justiça nos Trilhos, Missionários Combonianos
Ao final das captações desta etapa, considerando todas as especificidades e importância dessa história, entendemos que o trecho do Piquiá entraria como uma história singular dentro do documentário da Usina como um todo. O material captado no Maranhão foi muito abundante e além disso tem toda a importância e urgência da história que está sendo vivida lá, inclusive com novos desdobramentos do processo de luta que testemunhamos durante a viagem. Isso gerou um documentário "completo", no sentido de um doc que se sustenta mesmo fora do doc da Usina, sobre o Piquiá.
São cerca de 1.300 pessoas que há três décadas sofrem com a poluição do ar, das águas e contaminação do solo pelos rejeitos das siderúrgicas que se instalaram na região atraídas pelas toneladas de minério de ferro extraídas pela empresa Vale S.A. da mina de Carajás, no Pará. O minério é transportado pela estrada de ferro Carajás entre o Pará e o Maranhão até chegar ao porto de São Luís (MA) para exportação. Parte desse minério para nas siderúrgicas de Açailândia para ser transformado em ferro gusa, matéria-prima do aço.
As famílias do Piquiá de Baixo não são sem-teto: têm suas casas e viveram em paz na região desde que passaram a habitá-la, na década de 1970, até meados dos anos 1980, quando viram sua sorte mudar com a chegada da Vale e das siderúrgicas. A contaminação do meio ambiente afetou não apenas a vida econômica das famílias, que já não conseguem mais plantar ou pescar, mas também sua saúde: há inúmeros registros de câncer de pele e de pulmão, perda de visão e problemas respiratórios e dermatológicos crônicos causados pela poluição, além de mortes por atropelamento na BR que corta o Piquiá e tem tráfego intenso de caminhões da Vale e das siderúrgicas, mortes por atropelamento na linha férrea que escoa o minério, e ainda mortes e queimaduras graves provocadas pela "munha" - montanhas de carvão incandescente lançado pelas siderúrgicas no entorno da comunidade.
As tentativas de silenciamento da Vale não conseguiram aguar a luta do povo do Piquiá de Baixo. Há pelo menos uma década as famílias se organizaram em torno de entidades de defesa dos direitos humanos e de missionários combonianos para brigar pelo reassentamento em um terreno distante da poluição. A assessoria técnica Usina foi chamada para contribuir com a resistência ajudando na elaboração do projeto de reassentamento. E a luta rendeu frutos.
Veja o documentário abaixo ou no link aqui.
Documentário
"Aconteceu d'eu sonhá"
59:16 minutos
HD
Direção, roteiro e captação: Gabriela Nunes e Sabrina Duran
Produção: Gabriel Delduque, Israel Junior, Kaya Lazarini, Maiári Iasi
Agradecimento: a todas as famílias do Piquiá de Baixo, Justiça nos Trilhos, Missionários Combonianos
Para saber mais do projeto do Reassentamento do Piquiá de Baixo clique.